24/09/2010

Papo de Ônibus - 03

Semana passada não consegui ouvir nenhum papo interessante. Em compensação, hoje, rolou um papo relativamente longo, misto de papo sério com picos de diversão. Duas moças, com cara entre 28 e 30 anos... Algumas palavras estão escritas erradas, de propósito. Escrevi conforme a pronúncia delas, ok!
Pra facilitar o entendimento, colocarei nomes, obviamente fictícios.

Vamos a ele:

- Maria, quando cheguei em casa ontem tava passano uma reportage sobre a Paraíba, acho que era no canal 12, falano de Patos, sobre crianças que eram, sei lá, istrupada pelos pai, padrastro, tio, essas coisa. Absurdo, né!
A outra concorda, balançando a cabeça... e emenda:
- Pois é, Madalena. E eu que nem vi a estréia da novela nova ontem. Tava cum sono danado, dormi cedo mas acordei umas 11 da noite com juninho churumingano... pense!
Maria pergunta:
- Ainda tais caminhano?
- Tô nada, responde Mada (já tô íntima, rss) deu uma dor na "pranta" do meu pé, eu dexei pra lá. Fiquei com medo.
- E tu foi no médico?, perguntou Maria. E sem esperar resposta de Madalena já emendou:
- Lembra da Márcia, que mora no Valentina, perto do ponto final? Ela foi no médico, ele disse que ela tava com um negócio, um tal de "róide", "tiróide", negócio assim... passou um bocado de remédio pra ela, parece q esse negócio né brincadeira, não, visse. Vai no médico, mulher! Num fique guardano doença, não, viu!
Mada ficou um pouco pensativa e depois perguntou:
- Tu já foi no Atacadão? aquela loja que inaugurou dia desse no Geisel?
- Fui nada, mada, é ruim demais pra mim, não sei nem que ônibus pega. Tu pegou qual pra ir lá?, perguntou Maria.
- Fui com minha patroa, danada, fui de ônibus não.
N.R. (Senti uma certa inveja por parte de Maria, no ar, rsss. Continuando o papo...)
Maria perguntou se os preços de lá eram bons ao que Madalena respondeu:
- Sim, mas não tem sacola pra embalar, é ruim por isso. Acho que por isso, os preço são mais baixo, né. Fiz minha feira todinha lá, aproveitei a carona da patroa, ela me deixou em casa depois, foi bom demais!
Disse isso e deu uma ótima gargalhada. Chamou atenção da galera, no ônibus.

Acho que vou lá esse sábado, de novo.
- Eita, queria ir contigo, disse Maria. Mas não sei nem que ônibus pega. Tu não sabe, não? Pra mim seria bom porque não faço feira, vou comprando quando as coisa em casa acaba, dá pra trazer no ônibus. Tu visse o preço de Treloso amantegado lá?
N.R.2 (Agora que não aguentou fui eu. Achei engraçado ela perguntar especificamente de um produto e pensei: não é possível que ela vai saber do preço desse biscoito)
- Vi não, Maria. Parece que desse não tem lá, tem do outro do Treloso, se não me engano, R$ 2,20.
N.R.3 (Me enganei, viram! Ela sabia, kkkkk)
Tem muita fila lá? perguntou Maria.
- Vixe, demais até! Fiquei um tempão na fila. Tinha uma mulher gorda na minha frente que tava com três carrinho lotado. Imagina como demorô só aí!
- Pois Madalena, vou mais não, visse. Tô correno de fila! Além disso, nem sei que ônibus pega!

Estava chegando a minha parada, tive que passar a roleta.
O que achei interessante nesse papo foi primeiro, as diversidades dos assuntos. Como elas pularam da água pro vinho, ao sabor da vontade.
Também, que, cada uma, com sua percepção, tem uma opinião formada sobre os assuntos do cotidiano, sejam eles quais forem.
Muitas vezes, temos a impressão, que as pessoas de classes menos favorecidas não captam as mensagens enviadas pelos meios de comunicação. Acho que esse papo deixou um pouco mais claro que sim, que elas entendem.

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